tag:blogger.com,1999:blog-60156962811195368002024-03-19T06:03:52.532-07:00O exercício do amorUnknownnoreply@blogger.comBlogger35125tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-51290022328416808682012-07-13T17:03:00.001-07:002012-07-13T17:03:47.069-07:00Deixa ser<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Fernando Pessoa, poeta que adoro, disse: "Tudo em nós está em nosso conceito do mundo; modificar o nosso conceito do mundo é modificar o mundo para nós, isto é, é modificar o mundo, pois ele nunca será, para nós, senão o que é para nós (...)."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">E ele tem toda razão! Meu mundo mudou para melhor, ficou mais leve, mais cheio de amor, porque eu sou e deixo ser...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Meu exercício do amor é amar sem esperar absolutamente nada nem de mim nem de ninguém! Como a vida fica leve assim!</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-4346375458013931782011-01-23T17:48:00.001-08:002011-01-23T17:58:00.325-08:00Elogio ao amor<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGqkyafIOfr_us1-SZkIKHmktazvvFfGPQDtETPfOfqiI3G5M3mpcUvs0tLNp4ghHmyTiSVvPkUzY9cwGHQ9Tnfa8YtNa33Xmt93cxGz2RKKQhiw9eoS0brVGZQCa4i7syHoN3ckg10zo/s1600/beijos_apaixonados10.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 200px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGqkyafIOfr_us1-SZkIKHmktazvvFfGPQDtETPfOfqiI3G5M3mpcUvs0tLNp4ghHmyTiSVvPkUzY9cwGHQ9Tnfa8YtNa33Xmt93cxGz2RKKQhiw9eoS0brVGZQCa4i7syHoN3ckg10zo/s200/beijos_apaixonados10.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5565565632599248130" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 22px; "><span class="Apple-style-span" ><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível.</span></p><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">O que quero é fazer o elogio do amor puro.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">merdinha</span> entram logo em "diálogo".</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">O amor transformou-se numa variante <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">psico</span>-sócio-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">bio</span>-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">compreensões</span>, farto de conveniências de serviço.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">comodistas</span> como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">telefoneiros</span> e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">capangas</span> de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">alcançadores</span> de compromissos, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">bananóides</span>, borra-botas, matadores do romance, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">romanticidas</span>.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">pancadinha</span> nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">casalinhos</span>. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">vidinha</span>" é uma convivência assassina.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.</span></p><div style="text-align: justify; font-style: italic; "></div><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."</span></p><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; "></span></p><p></p><p style="font-weight: bold; text-align: justify; font-style: italic; "><span style="font-size: 14px; ">- Miguel Esteves Cardoso - </span></p></span></span>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-76799350041655000142010-07-22T09:33:00.000-07:002010-07-22T09:37:43.486-07:00Nunca tiveram muito a se dizer<div align="justify"><span style="font-family:lucida grande;color:#660000;">O texto a seguir é da Marina Colasanti, em "Contos de amor rasgados":</span></div><div align="justify"><span style="font-family:lucida grande;color:#660000;"><p></span></div><div align="center"><span style="font-family:lucida grande;color:#660000;">Nunca tiveram muito a se dizer</span></div><div align="justify"><span style="font-family:lucida grande;color:#660000;"><p></span></div><div align="justify"><span style="font-family:lucida grande;color:#660000;">Não se falavam. Desde a noite de núpcias, quando olhando o corpo recém-possuído ele se expressara de forma pouco nobre, ela deixara de lhe dirigir a palavra.<br />Em silêncio, sem que jamais um se dirigisse ao outro, viveram juntos 50 anos. Data em que seus filhos, netos, noras e genros organizaram grande festa comemorativa, reunidos todos para enaltecer os patriarcas. Erguia-se justamente o brinde, de pé a família ao redor da grande mesa, quando pela primeira vez, em voz alta e clara, ela o chamou pelo nome.<br />Como uma bala, como uma faca, a palavra enterrou-se no peito do homem, abrindo dupla ferida. Pois embora sendo seu nome, pronunciado por aquela boca não o representava, a ele que nunca mais dera à mulher o direito de nomeá-lo. Assim ela o desrespeitava frente à descendência.<br />Pálido, apoiou-se com as mãos espalmadas sobre o tampo de mármore, e num impulso assassino revidou, sibilando entre dentes o nome da mulher. Ela cambaleou, levou a mão à boca como quem ampara uma golfada de sangue. Mas já a família batia palmas, e a sala toda estremecia ao som do coral doméstico que entoava Parabéns Pra Vocês.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-63177610006327744672010-07-21T16:26:00.000-07:002010-07-21T16:29:45.773-07:00Filosofia barata<div align="center"><span style="font-family:georgia;font-size:130%;color:#6600cc;">“Vida quer dizer arriscar-se à morte.</span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;font-size:130%;color:#6600cc;">Fúria de viver quer dizer viver a dificuldade...” </span></div><div align="center"><span style="font-family:georgia;font-size:130%;color:#6600cc;">e enfrentar o medo!</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-12825764423457771162010-06-03T19:31:00.000-07:002010-06-04T22:07:47.839-07:00Camila, bandida: meu alterego?<div align="justify"><span style="color:#cc33cc;">Há alguns anos, quando inaugurei esse meu espaço virtual que eu adoro, tive de pensar num título para ele. Veio-me então uma necessidade real minha, a de exercitar o amor. E, como tudo meu sempre acontecia primeiro no mundo das ideias, deliciada que sou com as palavras, resolvi chamá-lo como todos vocês já sabem. <p><br />Identifico-me muito com uma música do Barão Vermelho que diz “eu não amo ninguém, e é só amor que eu respiro”. Exageros à parte, sou muito difícil de amar mesmo, meu coração é tão pequenininho que posso contar nos dedos quem cabe nele. Ironicamente (ou quiçá isto seja somente mais um paradoxo da condição humana), meu trabalho é ajudar as pessoas, e é exatamente pensar no Outro que dá um pouco de sentido pra minha vida (ajudar os outros, todavia, não é um ato de amor da minha parte, é apenas a necessidade de preencher um vazio incomensurável que há em mim). <p><br />Acontece, no entanto, que eu tenho sorte de poder amar pessoas que me conhecem tão bem e que me respeitam exatamente como sou. Poderia citar algumas delas aqui (poucas, claro), mas eu quero falar da Camila, que é minha amiga, minha comadre e minha irmã de coração. Nossa amizade vai debutar no final deste ano, o que eu considero como um presente dado por alguma força maior, a qual eu me permito não ter que nomear nem agora nem em momento algum. <p><br />Quando nos conhecemos, a Camila mostrava-se pro mundo e já era emocionalmente como agora. Eu era a bonequinha de porcelana, bem cuidada, mimada e protegida numa redoma. Quando dei meu primeiro beijo, a Mila já fazia descobertas mais ousadas. Se eu era bossa nova, ela era axé. Eu era ensimesmada; ela, festa. <p><br />E, apesar de tantas diferenças, conseguimos ser a exceção do que Caetano disse “é que narciso acha feio o que não é espelho...”. Amar no outro o que temos em nós mesmos realmente é muito mais fácil, e é por isso que considero essa minha amizade com a Mila um exercício exemplar do amor. Exercício diário de convivência: de eu sair para as baladas, que ela amava e continua amando, e fazer parte daquilo por ela; de ela ler “Os mitos platônicos” comigo para o trabalho da minha faculdade; de sabermos o que a outra está sentindo só pelo tom da voz; de ela fazer um monte de “loucura” e me proteger de tudo aquilo, por saber que eu não daria conta; de ficar do meu lado quando eu decido que quero mesmo fazer as “loucuras” que ela fazia; de sumirmos, quando a outra precisa de um tempo; de não ter obrigação de ligar nem de nos falarmos todos os dias. <p><br />Enfim, a Camila é uma das raras pessoas que conhece todas as minhas facetas – minha festa e minha depressão; minha meiguice e minha indignação; minha bondade e minha vingança; meus erros e meus acertos; meu pai e minha mãe (inclusive o que tem deles em mim); minha MPB e meus sambas (que eram só dela); minha renda e meu rebu; meu salto alto e minha rasteirinha; minha maquiagem e minha cara lavada; a manauara, a goiana e a brasiliense; a <em>cult</em> e a alienada. <p><br />Exercitar o amor é tentar amar sem querer transformar o outro em si mesmo. E eu tenho muita sorte de ter um amor assim (só pra não gerar a dúvida daqueles que não entendem o que é tudo isso: amor completamente assexuado... hahahaha).</span></p></div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-53572412144836296512010-01-22T07:42:00.000-08:002010-01-22T07:44:41.351-08:00Poema da Alice Ruiz<div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;color:#cc33cc;"><em>o corpo cede</em></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;color:#cc33cc;"><em>letras se sucedem</em></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;color:#cc33cc;"><em>um verso doido aparece</em></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;color:#cc33cc;"><em><p></em></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;color:#cc33cc;"><em>morrem todas as sedes</em></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;color:#cc33cc;"><em>movem-se pedaços de preces</em></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;color:#cc33cc;"><em>sobe-se por onde se desce</em></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;color:#cc33cc;"><em><p></em></span></div><div align="center"><span style="font-family:verdana;font-size:130%;color:#cc33cc;"><em>(Alice Ruiz)</em></span></div>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-78474432282208576792009-09-27T18:31:00.000-07:002009-09-27T18:50:27.329-07:00Penso e passo<span style="color:#ff6600;">"Quando penso que uma palavra</span><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Pode mudar tudo</span><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Não fico mudo</span><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Mudo</span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV0ato_Qruv_VUevooMpAN1PTumHzhNniO7xisIVMXJ-JNiGTyi1qXOtiROKzOe1lCuShpVsyAV8vUcENB5UliHjORWGIw-6R-8aEILOKldxYX2FPPI2665g4oEvECz2I7coQOceIazH8/s1600-h/mudan%25C3%25A7a.jpg"><span style="color:#ff6600;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5386326445108441074" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand; HEIGHT: 200px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiV0ato_Qruv_VUevooMpAN1PTumHzhNniO7xisIVMXJ-JNiGTyi1qXOtiROKzOe1lCuShpVsyAV8vUcENB5UliHjORWGIw-6R-8aEILOKldxYX2FPPI2665g4oEvECz2I7coQOceIazH8/s200/mudan%25C3%25A7a.jpg" border="0" /></span></a><br /><br /><p><br /><span style="color:#ff6600;">Quando penso que um passo</span></p><p><span style="color:#ff6600;">Descobre o mundo</span><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Não paro o passo</span><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Passo</span><br /><br /></p><p><br /><span style="color:#ff6600;">E assim que passo e mudo</span></p><p><span style="color:#ff6600;">Um novo mundo nasce</span><br /><br /><span style="color:#ff6600;">Na palavra que penso."</span><br /></p><span style="color:#ff6600;"><p></span></p><br /><br /><span style="font-size:85%;color:#ff6600;">Meu post anterior foi meu direito ao grito. Só consigo me organizar interiormente quando escrevo - me alivia e me transforma. Passei e mudei, mesmo que tenha sido como essa lesminha. Que a semana que se inicia hoje seja boa para todos nós! Beijos.</span><br /><span style="font-size:85%;color:#ff6600;"><p></span></p><br /><span style="font-size:85%;color:#ff6600;">O texto é da Alice Ruiz e a imagem é da Joana Vieira.</span>Unknownnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-51318980384649117152009-09-23T07:16:00.000-07:002009-09-23T07:57:47.416-07:00Na falta da minha terapeuta<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8V-8LdfSGQT1QW92BKFHXWZlM9DwPyRmFmH6YdSICuhlU597GRDXIVxxb12q9aInRiC59d9NAhVlE6HCNyyVMKzvos-ftTHzI1EkFHCbbyYVs649VWkIy3yljOxrk7mo9D_UM-vycMAI/s1600-h/amantesmagritte.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5384674616575137474" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand; HEIGHT: 145px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8V-8LdfSGQT1QW92BKFHXWZlM9DwPyRmFmH6YdSICuhlU597GRDXIVxxb12q9aInRiC59d9NAhVlE6HCNyyVMKzvos-ftTHzI1EkFHCbbyYVs649VWkIy3yljOxrk7mo9D_UM-vycMAI/s200/amantesmagritte.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:georgia;color:#000000;">seria perfeito se quando eu me reinventasse ou quando tentasse fazer de mim algo novo que eu considerasse melhor ou mais fácil talvez as consequencias viessem como uma brisinha num dia de calor mas dentro de mim formam-se tufões e tempestades porque eu realmente quero continuar sendo inadequada e careta as pessoas me cansam com suas futilidades com o seu passar superficial pela vida o não olhar nos olhos o não falar cara a cara eu simplesmente digo não e tentar dizer sim pode me fazer doer não tenho vergonha de dizer que doi quando todo mundo tem a máscara da alegria grudada na cara de plástico eu sou sensível sim e por isso eu consigo ver os outros eu até me engano tantas vezes mas já sou dura o suficiente não posso perder a ternura como disse Che só sei que sem amor ou sem a expectativa de eu não seria a putinha de Brasília nem do príncipe William</span><br /></div><br /><div align="justify"><p></p></div><div align="justify"></div><div align="justify"><p></p></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;">A imagem é "Os amantes", de René Magritte, que esteve na primeira postagem deste blog e vem bem a calhar no momento.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-40282899547477388452009-07-21T19:58:00.000-07:002009-08-30T19:02:48.973-07:00O conto que quis ser erótico, mas não conseguiu<div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#6600cc;">“Vamos”, ele disse. Eu, como um reflexo, pensei “Aonde?”, mas ainda consegui deter-me, pois ele me explicou, noutro dia, que a relação está no fim quando se pergunta isso. Obediente que sou, disse “Vamos” – não era dia de fazer birras: ele estava ali ao meu lado, todo meu.<br />Já era noite. Entramos no carro, e fomos por um caminho bem conhecido seu. Eu sabia que tínhamos ido por lá ontem, mas foi como a primeira vez. Eu via os vários letreiros luminosos, mas não me lembrava de nenhum.<br />Chegamos, enfim, ao seu lugar escolhido. Ele pediu uma suíte com banheira e com céu aberto. Achamos perfeito porque o calor era grande – a cidade estava quente, e o meu desejo por ele, contido o dia todo, me fazia queimar ainda mais.<br />Subi na frente, com certa curiosidade pelo quarto. De lá, podíamos ver a lua, que estava cheia, mas logo nos esquecemos dela. Chegamos à banheira juntos. Eu, um pouco tímida, o esperava... </span></div>Unknownnoreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-25083519883859991772009-07-09T19:55:00.000-07:002009-07-09T20:22:30.776-07:00De quando eu sabia voar<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJLZCiFsBtYs1AOiB8DNgeQ1bUCFr2kLShX9OsUJkZ3NZGPLIoZxP8YwUQ3Nzsbv3WIVEWSOiQaNZWA4JeoVlWkFBy6RRzNpAQMLnFQANi1QORB_k7cwm3eS9TEun46P7NLk6_jjX4xD4/s1600-h/pena_branca.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5356665655417616722" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 200px; CURSOR: hand; HEIGHT: 150px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJLZCiFsBtYs1AOiB8DNgeQ1bUCFr2kLShX9OsUJkZ3NZGPLIoZxP8YwUQ3Nzsbv3WIVEWSOiQaNZWA4JeoVlWkFBy6RRzNpAQMLnFQANi1QORB_k7cwm3eS9TEun46P7NLk6_jjX4xD4/s200/pena_branca.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#339999;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#339999;"><p></span></p></div><div align="justify"><span style="font-family:trebuchet ms;color:#339999;">Eu tinha entre nove e onze anos, e sempre acontecia quando eu vinha em direção à descida da ladeira que havia no sítio do meu avô. Eu voava, sabe? Não era batendo os braços, como asas. Eu simplesmente planava, e sentia um ventinho suave batendo no meu rosto - eu ainda posso senti-lo se quiser, basta eu fechar os olhos - uma sensação de liberdade e a certeza de que tudo daria certo.</span></div><br /><div align="justify"><p><span style="font-family:trebuchet ms;color:#339999;">Não adianta a minha razão me dizer que eu não voava, porque a minha lembrança disso é muito forte, assim como a de que eu trepava no pé de azeitona-roxa (jamelão) e saía de lá com os dentes todos encardidos e a roupa manchada, ou como a de eu pegando a cadeirinha de balanço e um livro legal para me refugiar debaixo de uma árvore e passar a tarde lá.</span></p></div><div align="justify"><p><span style="font-family:trebuchet ms;color:#339999;">A sensação de voar é tão boa quanto a dos domingos em que minha mãe me levava pra tomar sorvete...</span></p><p><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#339999;"><p></span></p><p><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#339999;"><p></span></p><p><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#339999;"><p></span></p><p><span style="font-family:Trebuchet MS;color:#339999;"><p></span></p><p></p><p><span style="font-family:Trebuchet MS;font-size:78%;color:#000000;">*A imagem foi encontrada no Google, mas não sei de quem é.</span></p></div>Unknownnoreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-26219534109299830742009-05-20T18:14:00.000-07:002009-05-20T18:23:41.263-07:00Os três mal-amados<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnEhulFrQ0ddV0ERVDY82Sb_y4Lese44ipBV1w2bt1oV2MmaY7_qxgcdNVru_YUxIc79-dijLK0zhbHCGIrnDwci80glQYAchMfizlEft6IH9KP-rIo8s3QKh8whTAeGZ5IpOswhy5ZxU/s1600-h/untitled.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5338080029974275666" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 162px; CURSOR: hand; HEIGHT: 200px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnEhulFrQ0ddV0ERVDY82Sb_y4Lese44ipBV1w2bt1oV2MmaY7_qxgcdNVru_YUxIc79-dijLK0zhbHCGIrnDwci80glQYAchMfizlEft6IH9KP-rIo8s3QKh8whTAeGZ5IpOswhy5ZxU/s200/untitled.bmp" border="0" /></a> <div align="justify"><span style="font-family:courier new;color:#cc0000;"><span style="color:#993399;"><strong>O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome. </strong></span><p><br /><span style="color:#993399;"><strong>O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos. </strong></span><p><br /><span style="color:#993399;"><strong>O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina. </strong></span><p><br /><span style="color:#993399;"><strong>O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. </strong></span><p><br /><span style="color:#993399;"><strong>Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina. </strong></span><p><br /><span style="color:#993399;"><strong>O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.<br />O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome. </strong></span><p><br /><span style="color:#993399;"><strong>O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel. </strong></span><p><br /><span style="color:#993399;"><strong>O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso. </strong></span><p><br /><span style="color:#993399;"><strong>O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala. </strong></span><p><br /><span style="color:#993399;"><strong>O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte. </strong></span><p></span></p></div><div align="justify"><span style="font-family:Courier New;color:#cc0000;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Courier New;font-size:85%;color:#000000;">* Pintura de Picasso e texto de João Cabral de Melo Neto.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-16664000599717828932009-03-13T18:21:00.000-07:002009-03-13T18:29:11.654-07:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHRjWqJLG4luOS5c4ZsXh69hWD6LrVaUeqp3SCEOB98glMbKk05SXSvzBRokajwf5uyOFVFgTgmzl0HhqaHMm8uigCBffoi3cI7d4aKXM-0tGGGm-WpslJ6gf-yjrn-jJwzoWI5Zk020g/s1600-h/ler.bmp"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5312848353522351906" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 197px; CURSOR: hand; HEIGHT: 200px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjHRjWqJLG4luOS5c4ZsXh69hWD6LrVaUeqp3SCEOB98glMbKk05SXSvzBRokajwf5uyOFVFgTgmzl0HhqaHMm8uigCBffoi3cI7d4aKXM-0tGGGm-WpslJ6gf-yjrn-jJwzoWI5Zk020g/s200/ler.bmp" border="0" /></a><br /><div align="justify"><span style="font-family:lucida grande;color:#009900;">Nesses últimos dias, tenho vivido intensamente uma parte minha que considero tê-la herdado de meu pai. É a parte que me aproxima da educação, que me fez ter a petulância, um dia, de sentir-me uma iluminista. Foi ela que me fez ler tanto quando eu era mais nova. É ela que me dá curiosidade pra conhecer e aprender. Eu até digo que, em vez de língua materna, eu tenho língua paterna (e quando meu pai estava vivo, eu falava estranhamente correto). Eu fingia saber ler aos dois anos de idade (aprendi a fazê-lo com três). Uma das minhas brincadeiras favoritas era “escolinha” (eu era a professora). Fiz licenciatura na Universidade. Todos os meus irmãos também fizeram. Agora estou dando aulas. E acho que, por isso, resolvi fazer uma retrospectiva de como cheguei aqui. É o legado bom que meu pai me deixou, com o seu preço a ser pago, é claro. Mas nada deve ser barato mesmo. O que eu faço agora pra ser ouvida por esses adoráveis pestinhas?</span></div><div align="justify"><span style="color:#009900;"></span> </div><div align="justify"><span style="color:#009900;"></span> </div><div align="justify"><span style="color:#009900;"></span> </div><div align="justify"><span style="color:#009900;"></span> </div><div align="justify"><p></div><div align="justify"><p></div><div align="justify"><span style="font-size:78%;color:#009900;">*Encontrei a imagem do post no Google, mas não sei quem é o autor.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-50728334353582232832009-01-11T11:18:00.000-08:002009-01-11T11:20:56.693-08:00É por isso que vale a pena<div align="center"><span style="font-family:georgia;"><blockquote><div align="center"><span style="font-family:georgia;"><blockquote><div align="center"><span style="color:#993399;"><span style="font-family:georgia;">"Vanguardas e outras subversões à parte,<br />nunca vai faltar amor para uma canção bonita, aquela história redonda, o<br />retrato<br />da pessoa amada"<br />(Leminski).</span> </span></div></blockquote></span></div></blockquote></span></div>Unknownnoreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-42909886601429179092009-01-08T14:35:00.000-08:002009-01-08T14:40:11.875-08:00Aniversário<div align="justify"><span style="font-size:85%;">A cinco dias de completar 28 anos, lembrei-me de um texto que escrevi perto do meu aniversário de 25, e resolvi postá-lo aqui. Eu estava numa crisesinha existencial. Parece que as coisas estão mais fáceis agora (mas eu gosto do texto!)</span><br /><br /><span style="color:#6600cc;">Estou a poucos dias de completar um quarto de século vivido, mas não posso concluir um texto que comecei, há uns três dias, sobre o primeiro mês do ano:<br /><br />'Janeiro sempre é o melhor mês do ano pra mim: tem cheiro de férias, gosto de pessoas amadas, a vontade da preguiça, o sonho de olhos aberto e o calor do meu aniversário!'<br /><br />Meu início de ano vai bem, obrigada, mas estou contando com meses muito melhores para esse ano.<br />Estou como Gregor Samsa, com uma maçã apodrecendo no dorso, grudada, depois de ter sido atirada por alguém assustado, por não me achar muito agradável.<br /><br />Tenho quase 25 anos, e não sou quem eu queria ser, quando eu tinha 12. Também não quero mais ir aonde eu já quis, não amo mais muitas pessoas por quem chorei, não ouço mais as músicas que ouvia, não tenho mais aqueles sonhos, minhas verdades irrefutáveis já são duvidosas, e eu até gosto do mau cheiro que vem da maçã.<br /><br />Quando eu tinha 12 anos, podia apontar o dedo pra quem quer que fosse, porque eu ainda tinha a vida toda pela frente e, da caverna, eu só conseguia ver o futuro que tinham pintado pra mim. Era um futuro brilhante, porque eu era linda, inteligente e amada: o mundo também me receberia dessa forma. Hoje, a tinta do quadro está derretida, e eu prefiro assim: gosto do surrealismo, do dadaísmo, do fantástico.<br /><br />Posso ver no meu quadro o que eu quiser? Posso classificá-lo como bem entender? Posso fazer uns acertos, passar um pano molhado, fazer uns rabiscos? Quem se importa com a aceitação do público ou com a dos especialistas no assunto?<br /><br />Não sendo uma Monalisa, quero apenas poder sorrir, ter aonde e com quem ir, poder errar, chorar e voltar atrás, e começar, todo dia, “tudo novo de novo”, se for da minha vontade.<br /><br />E quem quiser que pinte melhor, porque eu não tenho o talento de Picasso. E quem quiser que critique ou aprecie melhor, porque isto também é uma forma de fazer arte, não é?</span></div>Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-76926246386783314772008-12-03T07:07:00.000-08:002008-12-03T16:54:53.257-08:00Ao vovô<div align="justify"><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:85%;">Há três anos, escrevi o texto que quero postar hoje aqui, feito pro meu avô-materno, que na época completava 84 anos de vida. Foi nessa ocasião, talvez por estar tão longe dele, que descobri amá-lo mais do que eu imaginava. Ele foi uma das figuras mais fortes e mais interessantes da minha infância. </span><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="color:#cc33cc;"><span style="font-size:85%;">Hoje o vovô está completando 87 anos. Parabéns pra ele!</span><br /></span></div></span><span style="color:#6600cc;"></span><br /><div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr7zNig8ben15AkoRORe06M631ZIC03aWcP-_kTNh6E7gCPn-5NgE-XmpijZT1DXtkZVHcTU1hxLZj6l6ksNF5SiBJlHtJjVeTFpW0cR1E9hxDxPaJNgieChZ50h8smlHgnNQbb6v1l1A/s1600-h/Digitalizar0029.jpg"><span style="font-size:85%;color:#6600cc;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275583844643704594" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 173px; CURSOR: hand; HEIGHT: 200px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhr7zNig8ben15AkoRORe06M631ZIC03aWcP-_kTNh6E7gCPn-5NgE-XmpijZT1DXtkZVHcTU1hxLZj6l6ksNF5SiBJlHtJjVeTFpW0cR1E9hxDxPaJNgieChZ50h8smlHgnNQbb6v1l1A/s200/Digitalizar0029.jpg" border="0" /></span></a><span style="font-size:85%;color:#6600cc;">Descobri subitamente um amor tão grande em mim, um amor que nunca imaginei existir pelo meu avô. Encontrei-o depois de mais de um ano, ele já doentinho, mas com a mesma cara de sapeca, não falando coisa com coisa (que pode ser de Alzheimer ou de sua criatividade). Emocionei-me. Não sabia que amava tanto meu vozinho (parece que a falta nos revela o quanto gostamos seja lá do que). </span></div><br /><span style="font-size:85%;"><span style="color:#6600cc;">Ele parece uma personagem de García Márquez, com suas histórias fantásticas – e muitas reais (mesmo sendo nonsenses), porque eu mesma as presenciei.</span><br /><br /></span><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="font-size:85%;">Ele gostava de trocar o nome das pessoas – a tia Rosângela sempre era a Josefina, eu podia ser a Maricota. E, se perguntássemos aonde ele ia, sempre era pra </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Cachoeirinha_(Manaus)"><span style="font-size:85%;">Cachoeirinha</span></a><span style="font-size:85%;">.</span></span></div><div align="justify"><br /><span style="font-size:85%;color:#6600cc;">Ele, o senhor Cortez ou o tenente Cortez ou o Chico (pra quem queria fingir intimidade, porque esse é o único Francisco que conheço que nunca foi Chico na vida), quer ir pra Bolívia porque seus olhos ficam azuis lá (já são verdes, e uma parte de sua família mora lá).</span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;"><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;color:#6600cc;">Meu avô tem o sangue forte: todo morcego que já o mordeu morreu depois de fazê-lo. Ele gostava muito de passear pelo interior do Amazonas, dormir em rede, e, muitas vezes, ao acordar, via-se mordido com o morcego morto ao lado. Isto eu nunca vi!</span></div><div align="justify"><br /><span style="color:#6600cc;"><span style="font-size:85%;">Vovô já salvou a vida de muitos animais – ele criava alguns – com um remedinho milagroso, o bálsamo mundial. Certo dia, uma </span><a href="http://www.saudeanimal.com.br/gamba.htm"><span style="font-size:85%;">mucura</span></a><span style="font-size:85%;"> comeu um terço de uma galinha viva (do rabo pra frente), no quintal do meu avô. Ele foi seu cirurgião: derramou meia garrafa de bálsamo dentro da galinha e a costurou. A coitada sobreviveu, mutilada sim, mas continuou cantando toda faceira pelo quintal, por muito tempo ainda; não ficou com traumas; não se importou de ter ficado sem as ancas (e galinha tem anca?); e continuou botando ovos!</span></span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;"><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;color:#6600cc;">O senhor Cortez gostava de misturar água no refrigerante – e não era pra economizar, porque ele nunca foi dessas coisas; ele só achava mais gostoso com água (gosto é gosto!). Se eu queria um real dele, para lanchar na escola, era melhor pedir-lhe dois, porque ele só sabia dar a metade. E, quando me buscava na escola, voltava dirigindo seu monza, ocupando toda a pista.</span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;"><br /></span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;color:#6600cc;">Nós brigávamos de vez em quando, e ele dizia a minha mãe pra ela dar um jeito “na sua filha”, porque eu reclamava e discordava dele. Mas, também, o pegava contando pros amigos como a neta dele era esperta e inteligente... ele sentia muito orgulho de mim, só porque eu tirava notas boas na escola. Meu avô sonhava comigo no colégio militar; chegou a convencer meus pais a me inscreverem para a prova de admissão lá. Mas fui mais convincente que ele: apesar de passar na prova, consegui continuar estudando na mesma escola de sempre, que eu amava.</span></div><div align="justify"><br /><span style="color:#6600cc;"><span style="font-size:85%;">Vovô, como pernambucano que é – e de </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Exu_(Pernambuco)"><span style="font-size:85%;">Exu</span></a><span style="font-size:85%;">! – ainda guarda sotaque, principalmente, em palavras como “tia” e “dia”. Acho que, por isso, adoro sotaque nordestino.</span></span></div><div align="justify"><span style="font-size:85%;"><br /></span></div><div align="justify"><span style="color:#6600cc;"><span style="font-size:85%;">Amanhã, meu vozinho vai completar 84 anos. Estamos distantes – e isto explica tantos verbos no passado – e sinto saudades. Gostaria de abraçá-lo e ouvir suas brincadeiras, de admirar sua boa imaginação, de ouvi-lo </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Mal_de_Alzheimer"><span style="font-size:85%;">trocar meu nome e de perguntar de quem sou filha</span></a><span style="font-size:85%;">... Adoraria passar a mão na sua cabecinha branca...</span></span></div>Unknownnoreply@blogger.com24tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-14956390121451892062008-11-15T12:20:00.000-08:002008-11-15T12:23:17.215-08:00A pele<div align="center"><span style="font-size:130%;color:#993399;"><em>“O mais profundo é a pele” </em></span></div><div align="center"><span style="font-size:130%;color:#993399;"><em></em></span> </div><div align="center"><span style="font-size:130%;color:#993399;"><em>(Paul Valéry).</em></span></div><div align="center"><em><span style="font-size:130%;color:#993399;"></span></em> </div><div align="center"><em><span style="font-size:130%;color:#993399;">Eu não tenho mais nada pra dizer.</span></em></div>Unknownnoreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-28366198285660435242008-10-28T19:03:00.000-07:002008-10-28T19:09:43.535-07:00Meteorologia cristã<span style="font-size:85%;color:#cc9933;">Tudo em Brasília está seco, até os corações. </span><br /><span style="font-size:85%;color:#cc9933;">São Pedro, manda logo a chuva, porque eu já não aguento mais!</span>Unknownnoreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-66807246876410239022008-10-20T15:35:00.000-07:002008-10-20T15:36:27.808-07:00Pontuando<div align="center"><span style="font-size:180%;color:#993399;">;</span></div>Unknownnoreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-2877349258176641112008-09-21T12:06:00.000-07:002008-09-22T07:24:57.945-07:00Poeminha brega*Eu prometi que tudo ficaria bem<br />Sem acreditar que promessas foram feitas para não serem cumpridas.<br />Porque minha vontade era que tudo permanecesse igual<br />Ou cada vez melhor,<br />Você sendo a minha paz e só.<br /><br />Você quis explicação e condição.<br />Eu não pude dar.<br />Quis dormir pra tentar me esquecer<br />E eu fui a sua insônia -<br />A vontade de esquecer faz lembrar.<br /><br />A solução foi pedir pra eu partir,<br />Deixar você em paz,<br />Como eu pensei, pra você ficar sozinho com a sua dor,<br />Mas eu não estava certa.<br /><br />Se os pensamentos tornaram o amor razão<br />E todos os sonhos vãos,<br />Eu só podia querer de volta a minha paz,<br />Mas você já não quis mais.<br /><br /><br /><span style="font-size:85%;">*e com palavras repetidas, por não ter o que dizer.</span><br /><span style="font-size:85%;">Volto em breve. Ando meio aterafada demais.</span><br /><span style="font-size:85%;">Beijos.</span>Unknownnoreply@blogger.com31tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-91871539345862155002008-08-28T13:11:00.000-07:002009-05-31T13:00:56.027-07:00Ponto final?<div align="justify">Há duas semanas um mesmo tema tem me perseguido em conversas entre amigas, em indicação de leitura* e até na minha terapia: a dificuldade-extra que alguns homens têm em terminar relacionamentos.</div><div align="justify"><br />O que já era óbvio pra mim é que muitos rapazes, quando não estão mais satisfeitos com seu relacionamento, adotam como estratégia pirraçar a namorada, fazendo tudo o que ele sabe que ela detesta, para que ela coloque um fim no relacionamento e ele não tenha que assumir essa responsabilidade.</div><div align="justify"><br />Já outras situações são mais extremas, como quando o namorado simplesmente some sem dar nenhuma explicação. Eu sempre pensei que isso só poderia ter acontecido com uma única pessoa da face da Terra (de tão contrário ao bom senso que achei a atitude do cara), uma amiga minha, porque com ela sempre acontecem coisas extraordinárias, mas fiquei sabendo de outro caso semelhante nesta semana: o marido de uma conhecida minha, enquanto ela estava no trabalho, fez suas malas e saiu de casa, sem nenhuma DR antes (o que me fez lembrar de tantas histórias de homens que saíram pra comprar cigarro e nunca mais voltaram)! No caso da minha amiga, ela havia passado um mês de férias no Nordeste com o namorado e, uma semana após seu retorno à vida normal, o fulano simplesmente desapareceu. Não ligava, não atendia o telefone, mandava dizer que não estava em casa, que estava ocupado no trabalho etc. </div><div align="justify"><br />Um terceiro caso é o do cara que, citando o Fabrício Carpinejar, “encosta a porta de sua casa (não tranca) e parte para outra vida”. Acontece quando o namorado diz que está meio confuso, que não tem nada de errado com a namorada (que ela é maravilhosa etc.), mas que é melhor eles darem um tempo (e essas reticências ou esse ponto e vírgula simplesmente não cabem nessa parte da história), e que, se ela gosta dele, até pode lutar pelos dois (e a deixa sem ter a menor idéia de como e se deve fazer isso). Na primeira semana seguinte, ele a convida pra sair e eles ficam, lógico! Ele passa mais um tempo sumido, depois liga dizendo que precisa vê-la e eles ficam novamente. Agora, o ex fica um tempo bem maior sem aparecer, mas manda uma mensagem dizendo que não agüenta mais de saudade, e eles se encontram e você já sabe e é melhor eu escrever aqui “e assim sucessivamente”.</div><div align="justify"><br />Eu posso concluir duas coisas disso tudo:<br />1) Algumas pessoas são levianas com o sentimento dos outros (eu tenho certeza de que leviandade independe de sexo, raça, idade, grau de instrução e condição social. Foi só uma escolha falar de alguns tipos de homens aqui).<br />2) Todo final machuca e é difícil, tanto pra quem quer continuar quanto pra quem não quer, mas eu realmente acho melhor que o fim fique claro (não cem por cento sincero, pois assim é demais). E também não vale citar o “que seja eterno enquanto dure” de Vinícius, porque, de novo como disse o Carpinejar, “a despedida não é lugar de poesia”.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">-</div><div align="justify"><span style="font-size:78%;">* </span><a href="http://www.beleleo.com.br/"><span style="font-size:78%;">Bel</span></a><span style="font-size:78%;">, valeu pela dica do texto do </span><a href="http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/"><span style="font-size:78%;">Carpinejar</span></a><span style="font-size:78%;">. Como eu te disse, eu adoro o que ele escreve!</span></div>Unknownnoreply@blogger.com37tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-87236260214120729322008-08-21T14:47:00.000-07:002008-08-22T07:26:58.139-07:00De novo<div align="justify">Lembrar: não falar com ele no msn, nem no orkut, nem trocar email. Quando é pra dar certo, dá certo e ponto final; nada de pedras no caminho.</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify">PS:</div><div align="justify">Acho que o amor de Jean Paul Sartre e de Simone de Beauvoir foi o que se pode chamar de verdadeiro, porque foi o amor que não escraviza; não sufoca; não cobra; não precisa exigir que se fale a verdade, porque ela está implícita (até a omissão é real); não é possessivo; não quer ser o melhor para os outros; não quer modificar / moldar o outro; não precisa de aplausos pra acontecer.<br />Minha conversa está parecendo com uma passagem da Bíblia, de Paulo, em Coríntios, e o que me passou agora, fazendo essa descrição tão “pauliana” do amor (não vou dizer cristã, porque seria muito ampla), é que eles – Sartre e Beauvoir – eram ateus. Pois é: parece que quando se tem liberdade, quando não se precisa expiar nenhum pecado, quando não se tem dívida a pagar, fica mais fácil amar, transar, sentir, querer, desejar, odiar, ou seja, ter congruência no pensar, no sentir e no agir.<br />Se uma mulher resolve continuar com seu marido depois de uma traição porque acredita que isso é o melhor pra sua família... se um homem resolve casar com uma mulher porque ela está esperando um filho seu, e isso seria a melhor atitude de um homem sério e honesto... Eu penso que as pessoas vão se anulando porque têm verdades pré-concebidas pras suas vidas, ganharam um manual que pode lhes garantir a felicidade, se não nessa vida, quem sabe em outra? E elas vão ficando cada vez piores, porque há incongruência entre seu sentir e seu agir. Não dá pra amar desse jeito!<br />Para amar é preciso ser congruente e aceitar o outro plenamente congruente. É preciso abrir mão do egoísmo e admitir, como Danielle Miterrand, que “não somos o centro amorável do mundo do outro”. Mas vê só que grandioso é esse amor verdadeiro: "Fizeram o que bem entenderam, naquela fidelidade de voltar sempre à mesma pessoa".<br />E o respeito vem como conseqüência porque eu sou eu e você é você. Eu não preciso ser o que você quer que eu seja nem vice-versa. Se eu preciso exigir que você me diga a verdade, a verdade não será sua, não será minha, e trará, talvez, muitas conseqüências ruins. Se o silêncio é seu, ele é muito mais sincero que a minha verdade cobrada, e não trará dor, porque ele tem motivo, ele tem um pouco de você e um pouco de mim também.<br />E a gente vai amando, não dessa forma ideal, mas do jeito que dá... porque esse amor verdadeiro é demais pra mim e pra quase todo mundo. O amor verdadeiro não cabe em mim ainda, mas eu já posso, ao menos, compreendê-lo e admirá-lo. Talvez a verdade também não me caiba ainda.<br />Com essa nossa pouca disposição ao amor verdadeiro, só estamos podendo fazer juras de necessidades eternas - “preciso de você por toda a minha vida; preciso que você me faça uma grande surpresa no meu aniversário; preciso que você me apresente como a sua namorada (a sua escolhida, afinal! como sou especial...); preciso que você me diga o quanto estou gostosa; preciso que você reclame do meu arroz papa; preciso que você me xingue de puta de vez em quando” – ou de tesão eterno – “quero te dar três vezes ao mês, quando eu estiver no meu período fértil, cheia de vontade e prometo não estar cansada nem com dor de cabeça nesses dias!”<br />E a gente vai levando. E a gente vai amando. </div><div align="justify">(ou tentando, ou querendo, ou...)</div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div>Unknownnoreply@blogger.com30tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-30519340283211697612008-08-14T07:12:00.000-07:002008-12-11T13:43:10.488-08:00Felicidade adiada<div align="center"><span style="font-family:trebuchet ms;font-size:130%;color:#993399;">A alegria era imensa e fez-me sentir a proximidade da morte. Porque eu sabia que não é possível ser feliz neste mundo (e felicidade demais só pode ser anúncio de mau agouro).<br />Por medo da morte, adiei a felicidade, como a lua que se definha depois da completude e fica aguardando a hora de encher-se de novo.</span> </div>Unknownnoreply@blogger.com26tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-27631341009658366082008-07-30T18:03:00.001-07:002008-08-05T12:52:14.525-07:00O homem-objeto quase ideal<span style="color:#cc33cc;">Cansada de estar apaixonada e apenas ficar por amor, resolveu que encontraria um homem-objeto (qual seria o problema, se os homens defendem o sexo pelo sexo e reclamam do sentimentalismo feminino?).<br />Depois de alguns meses aproveitando o melhor da noite – pubs e bebidas com as amigas solteiras, conversas à toa e filosofias baratas, beijando quem tinha vontade, vivendo o nonsense na madrugada (até o insconsciente afrouxa no escuro) - apareceu o cara ideal.<br />Ele estava com viagem marcada pro exterior – daqui a seis meses, iria morar na Europa (relacionamento com prazo definido evita futuras cobranças inapropriadas); era lindo de corpo - pernas malhadas, braços e barriga definidos (é melhor eu parar por aqui) - e ainda tinha os olhos verdes e o nariz arrebitado.<br />Ela, que sempre tivera fama de gostar dos feios, estava fascinada com o cara. É claro que um homem-objeto tem de ser bonito, senão o quê? E o melhor de tudo é que ele também conhecia um pouco de literatura, de música, de artes, enfim, da área de humanas; tocava violão e berimbau; além de ser poliglota. Ela descobriu que um homem bonito falando espanhol no seu ouvido é um ótimo afrodisíaco (vale refletir se não seria melhor ela aventurar-se na Espanha ou na Argentina pra aumentar seu número de opções estimulantes).<br />Nos três primeiros meses, tudo correu perfeitamente bem. Namoravam todos os dias e estavam sempre juntos nas horas de folga. Nunca tivera tanta química com alguém. Depois disso, o cara começou com uma conversa de que estava chegando o dia de ir embora, que não queria que ela criasse expectativas, que não queria que ela sofresse etc., mas ela sempre mudava de assunto ou dizia que tudo isso estava muito claro desde o início, que ele não se preocupasse. E ele foi ficando cada vez mais insistente. Começou a perguntar se ela não sentiria saudade, em como eles seriam se ele não precisasse viajar. Como ela nunca desse muita corda pra esse papo, ele começou a dizer que se sentia mal, porque ela não tinha sentimentos, porque fazia dele apenas um objeto sexual e blá-blá-blá.<br />No final, o homem-objeto virou a mulher da história e queria discutir a relação o tempo todo. É claro que tudo foi ficando chato e ela terminou com ele antes do prazo previsto. Ela ficou decepcionada, porque deixou de ganhar mais alguns dias de prazer...<br /><br />Essa história me faz ter a certeza de que os homens são incompreensíveis (ainda que necessários).</span>Unknownnoreply@blogger.com35tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-4134017435627741952008-07-27T19:12:00.000-07:002008-12-11T13:40:08.070-08:00Não sobre o amor...<div align="justify"><span style="font-family:courier new;color:#663366;">"Todas as palavras boas estão pálidas de exaustão. Flores, lua, olhos, lábios. Eu gostaria de escrever como se a literatura nunca tivesse existido. Eu não consigo. A ironia devora as palavras. É a maneira mais fácil de superar a dificuldade de se descrever as coisas." (Victor Chklovsky)</span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Courier New;color:#663366;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-family:Courier New;color:#663366;">Quem tiver a continuação desse texto (<em>Zoo ou Letters Not About Love</em>) em português, por favor, mande pra mim!</span></div>Unknownnoreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-6015696281119536800.post-8384589873492506312008-07-12T10:05:00.000-07:002008-12-11T13:36:02.236-08:00Sofia*<div align="justify"><span style="font-family:times new roman;font-size:130%;color:#993399;">Sofia não falava. Ela não sabia falar, não por ter alguma deficiência física ou mental – não, era possuidora de cérebro e aparelho áudio-fonador perfeitos – língua, palato, glote, cordas vocais, ouvidos, tudo sempre estivera muito bem – não falava porque não podia ouvir sua própria voz, que era meio rouca, grave, voz que lhe causava estranhamento ao ganhar o mundo, ao dar ao mundo. </span></div><span style="font-family:times new roman;font-size:130%;color:#993399;"><div align="justify"><br />Sofia retinha tudo para si: o ar que respirava, prendia-o nos pulmões como quem precisa mergulhar num oceano para nunca mais voltar; a comida que ingeria era ruminada, demorava a ser digerida, inchava-lhe o estômago – Sofia ficava até uma semana e meia sem defecar; o sexo de seu homem, tentava prendê-lo dentro de si, só para si, com uma técnica especial de pompoarismo – que aprendera num desses manuais de felicidade feminina – como se este fosse o último que lhe penetraria – o segundo, ali, congelado numa fotografia, num quadro, uma imagem única, unicamente sua, o tempo-espaço seu. </div><div align="justify"><br />Sofia não precisava falar – tudo já fora dito – quem quer ouvir Sofia? O mundo futilmente dá as suas voltas e os pensamentos de Sofia rodam sem sair do lugar. Ela aprendeu, ainda na puberdade, como masturbar sua mente – pensava pensamentos iluminadores, pensava sentimentos sublimes e tentadores, tudo só para si, sem contato, sem troca, sem calor... sentia-se muito bem... ela era brilhante! </div><div align="justify"><br />Sofia vivia no mundo das idéias, mas, ainda assim, estava a existir no mundo real. Então, numa manhã de primavera, ela fazia um passeio pela praia, a fim de pensar melhor – renovar-se em pensamento, tomar uns ares. Eis que uma brisa balança seus cabelos, refresca seu rosto, contrastando com o calorzinho afetuoso do sol nascente e fazendo seus pêlos arrepiarem-se; a manhã cheira a mar, a céu, à vida; o céu está mais azul, a manhã é mais clara, a pipa da criança que corre contra o vento é purpuríssima. Sofia sente seu coração bater forte e, agora, tão forte que ele salta de dentro de si e cai na areia – ele rola, lambuza-se, pula, bate em descompasso, está envolvido pelos grãos mornos da areia. Sofia grita, urra ininteligivelmente, perdendo o controle e ganhando os sentidos. Ela cai exausta sobre seu coração e dorme ali um sono tão confortante e tranqüilo, que estaria mesmo no útero de sua mãe. </span></div><span style="font-family:times new roman;font-size:130%;color:#993399;"><div align="justify"><br />Ao despertar, Sofia sente-se pela primeira vez – está vivíssima. Sem pudores, ela quer correr, saltar, brincar, voar, “Bom dia”, grita ao vendedor de cocos que passa no calçadão. Ela não é mais sua, ela é do mundo – desintegrando-se vira ar e expande-se, ocupando toda parte. Na utilidade do ar, ninguém se lembra – a cada quatro segundos para a hematose, se a respiração é profunda – de que inspira oxigênio e expira dióxido de carbono, mas todos os segmentos do sistema respiratório, em sintonia, realizam sua função. Sofia está em correspondência e, sem correspondência, a felicidade está onde Sofia está.</div><div align="justify"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:130%;color:#993399;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:130%;color:#993399;"></span></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:130%;color:#993399;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:130%;color:#993399;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:130%;color:#993399;"></span></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:130%;color:#993399;"></span></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:130%;color:#993399;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:130%;color:#993399;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:130%;color:#993399;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;font-size:85%;color:#993399;">* "Sofia" foi um dos primeiros textos que escrevi e resolvi mostrar, há mais ou menos 4 anos.</span></div>Unknownnoreply@blogger.com22