Já fazia algum tempo que queria voltar a escrever, mas também queria que fosse num novo espaço, pois as Chatices Existenciais já não combinavam comigo (apesar de ainda existirem – e eu achar que sempre existirão - em mim). O primeiro nome que pensei para o blog foi “Um exercício para o amor”, mas achei brega demais. Depois mudei para “O exercício do amor”. Finalmente, numa de minhas leituras, achei esse mesmo termo num texto de filosofia (O amor, em “Filosofando”), que resolvi mais ou menos resenhar aqui, incluindo dados de outras fontes e também do que eu já tenho na memória (adquirido ou por experiência ou por estudo).
Quase todo mundo deve conhecer o seguinte mito platônico: no princípio, a natureza humana era completa. Éramos seres duplos, de três gêneros distintos: os machos (formados por duas metades masculinas), as fêmeas (formadas por duas metades de mulher) e os andróginos (sendo uma metade de mulher e outra, de homem). O todo do homem era o dobro do que se apresenta hoje: 4 mãos, 4 braços, 2 faces exatamente iguais etc. Éramos fortes, robustos e, por isso, extremamente orgulhosos. Rebelamo-nos contra os deuses e resolvemos subir ao céu para combatê-los. Como castigo, Zeus e os outros deuses resolveram nos cortar ao meio, enfraquecendo-nos. E, como herança desse castigo, temos sofrido de incompletude.
O mito quer nos dizer que o homem é um ser desejante e, como tal, está à procura de preencher seu vazio existencial, de realizar sua energia sexual, para encontrar o prazer e a alegria (o que talvez dê uma sensação de “retorno à completude”).
O desejo faz o homem sair de si para que o encontro se realize: se estamos muito centrados em nós mesmos, não somos capazes de ouvir o apelo do outro. Podemos dizer, portanto, que o egocentrismo é um dos principais inimigos do amor.
A criança, sendo naturalmente egocêntrica, procura alguém que melhor sacie suas necessidades, tanto que sua primeira realidade é um seio farto e todo seu – a mãe só nasce para a criança bem depois disso.
Já “o adolescente não ama propriamente o outro, ser de carne e osso, mas ama o amor idealizado, romântico, em parte fruto do medo de lançar-se nas contradições do exercício efetivo do amor”. Dessa forma, apenas aqueles que conquistaram um pouco de maturidade conseguem realizar esse exercício.
Quase todo mundo deve conhecer o seguinte mito platônico: no princípio, a natureza humana era completa. Éramos seres duplos, de três gêneros distintos: os machos (formados por duas metades masculinas), as fêmeas (formadas por duas metades de mulher) e os andróginos (sendo uma metade de mulher e outra, de homem). O todo do homem era o dobro do que se apresenta hoje: 4 mãos, 4 braços, 2 faces exatamente iguais etc. Éramos fortes, robustos e, por isso, extremamente orgulhosos. Rebelamo-nos contra os deuses e resolvemos subir ao céu para combatê-los. Como castigo, Zeus e os outros deuses resolveram nos cortar ao meio, enfraquecendo-nos. E, como herança desse castigo, temos sofrido de incompletude.
O mito quer nos dizer que o homem é um ser desejante e, como tal, está à procura de preencher seu vazio existencial, de realizar sua energia sexual, para encontrar o prazer e a alegria (o que talvez dê uma sensação de “retorno à completude”).
O desejo faz o homem sair de si para que o encontro se realize: se estamos muito centrados em nós mesmos, não somos capazes de ouvir o apelo do outro. Podemos dizer, portanto, que o egocentrismo é um dos principais inimigos do amor.
A criança, sendo naturalmente egocêntrica, procura alguém que melhor sacie suas necessidades, tanto que sua primeira realidade é um seio farto e todo seu – a mãe só nasce para a criança bem depois disso.
Já “o adolescente não ama propriamente o outro, ser de carne e osso, mas ama o amor idealizado, romântico, em parte fruto do medo de lançar-se nas contradições do exercício efetivo do amor”. Dessa forma, apenas aqueles que conquistaram um pouco de maturidade conseguem realizar esse exercício.
Um risco do amor
Para entregar-se de fato a uma relação amorosa é preciso superar o maior medo do ser humano, que é o medo de ser abandonado (a psicanálise chama isto de ansiedade de separação), pois estar com alguém é supor que se pode perdê-lo (é a possibilidade inerente de perda para qualquer coisa que se tem).
Quanto mais novos ou mais imaturos somos “mais excruciante nossa ansiedade quando nos sentimos abandonados, pois a criança nova realmente perece se não for adequadamente protegida e cuidada. Por conseguinte, o consolo fundamental é o de que nunca será abandonada” (Bruno Bettelheim, em “A psicanálise dos contos de fadas”, pág. 179)
Outra análise interessante para a questão é a do psicanalista Igor Caruso, para o qual “a separação é a vivência da morte numa situação vital: é a vivência da morte do outro em minha consciência e a vivência da minha morte na consciência do outro”. Sendo assim, devemos realmente viver um luto após uma separação, para que nosso equilíbrio seja restabelecido.
Em nossa sociedade atual e massificada, onde é difícil encontrar um “eu” suficientemente forte, a maioria prefere não viver uma relação amorosa para não ter que experimentar a morte. Dessa forma, alguns mantêm relações superficiais e outros, para não correrem o risco de perder, abrem mão de ter.
Os amantes, de René Magritte.
E, como disse Edgar Morin, “vida quer dizer arriscar-se à morte; e fúria de viver quer dizer viver a dificuldade”. Portanto, quem quer viver e quer amar deve aprender a lidar com os seus medos.
Referências adicionais: 1) “O banquete”, de Platão; 2) “Filosofando”, de Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins; “Obras Completas”, de Freud.
Ganhei 7 margaridas!
Grazie!
Que lindo o seu espaço! Muitíssimo delicado, como você! (Minha cor predileta, diga-se de passagem.)
E quanta inspiração!! Um texto com temática forte e complexa (que sempre circunda nossas conversas) já como entrada!!!
O mito é lindo, sem dúvida. Mas a vida em sua concretude nem sempre é. Amar é complicado ou apenas parece ser? Isto ou aquilo, estamos destinados a sofrer por amor ou por sua falta. E assim continuamos nossa caminhada...
Parabéns por este seu novo espaço. E que estréia, hein?
Lendo um ensaio como este a gente se dá conta de que não vive nada de novo, realmente. Identificar-se é inevitável e, dependendo do trecho em questão, triste: para não sofrer, abrir mão de ter.
Tenho que pensar, agora.
Beijos.
Grazi, seus textos e reflexões são de uma expressão única. Você consegue passar para o leitor seus pensamentos de uma forma clara e precisa e isso, para um autor é uma das chaves para o sucesso!
Me identifiquei com seu texto (como sempre)!
Seu blog está lindo!
Beijos de quem te adoro e quer te ver feliz sempre, sempre, sempre!
Beijos!
Eu já pensava dessa forma com relação ao amor, mas era meio q instintiva... agora q vc citou os autores e suas falas, tudo pareceu bem menos confuso na minha cabeça!
=)
Obrigada pela visita lá no '(Falta de) Inspiração'. Tentarei colocar textos novos o quanto antes!
bons ventos nesse seu blog novo!
bjão
É e a gente arrisca sempre, apesar de tanto medo, e a gente da com a cara na porta e volta arriscar... É assim. Mas como tu disse, não dá pra se fazer de vítima.
beijos
nossa, me deu uma saudade da faculdade, li tudo isso por lá.... ficou bacana por aqui!
obrigada por sua visita, querida, e boa sorte por aqui!
beijos
MM.
passei há algum tempo por isso: o sofrimento chegou depois da morte de alguém muito querido, e fui categoricamente a favor de não ter para não sofrer. ainda penso assim sobre algumas relações.
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