Conheci Lóri um mês depois de eu completar quinze anos. Ela me mostrou que existia algo muito maior do que eu havia descoberto (e continuaria descobrindo) durante toda minha vida. Porque, quando a gente nasce, vem a palmadinha (e o choro), vem o colo e o leite (e o prazer), vem o Outro (e o Eu). O Eu é só uma conseqüência, muitas vezes, ignorada.
Com a Lóri, eu me vi. Não sou mais só uma conseqüência. Posso pensar sobre o que sinto e sentir o que penso. Posso pensar no que o Outro significa pra mim e em como isto se transforma todo dia.
Passamos pelo grande desafio da subjetividade: a esfinge que não nos deixa sossegar, “decifra-me ou devoro-te”. Ela saíra agora da voracidade de viver. E eu deparei-me com a minha verdadeira essência e com a minha existência. A existência que nos aprisiona à liberdade, irremediavelmente. Mas, se meu corpo é bem menor que meu pensamento, não tenho a capacidade de fazer uso da minha liberdade (?); se minha vontade é bem maior que a minha pequena condição (aonde vai o meu corpo?), estou irremediavelmente condenada. E “a condição do Universo era tão grande que não se chamava de condição” (é agora que vejo a minha?).
Ulisses, o homem de Lóri (sim, o herói grego e também o cachorro de Clarice), diria: “a condição não se cura, mas o medo da condição é curável”. E aprendemos que se deve viver (e amar, e ser feliz!) apesar de. O apesar de gera a angústia. E é sempre bom não ter certeza de tudo. Mas a dúvida generalizada também é a porta do abismo, onde há o silêncio. O silêncio “é a profunda noite secreta do mundo”. Na noite, podemos encontrar fantasmas, mas podemos encontrar os maiores sonhos. Parece que, na noite, a liberdade enlarguece. Mas “ser grande dentro de si” pode doer. Portanto, agora é necessário aprender a ser livre pra fora; aprender, no além de ser, viver.
“Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”. Quem escreverá um pra mim? Clarices não existem nem Ulisses nem...
Com a Lóri, eu me vi. Não sou mais só uma conseqüência. Posso pensar sobre o que sinto e sentir o que penso. Posso pensar no que o Outro significa pra mim e em como isto se transforma todo dia.
Passamos pelo grande desafio da subjetividade: a esfinge que não nos deixa sossegar, “decifra-me ou devoro-te”. Ela saíra agora da voracidade de viver. E eu deparei-me com a minha verdadeira essência e com a minha existência. A existência que nos aprisiona à liberdade, irremediavelmente. Mas, se meu corpo é bem menor que meu pensamento, não tenho a capacidade de fazer uso da minha liberdade (?); se minha vontade é bem maior que a minha pequena condição (aonde vai o meu corpo?), estou irremediavelmente condenada. E “a condição do Universo era tão grande que não se chamava de condição” (é agora que vejo a minha?).
Ulisses, o homem de Lóri (sim, o herói grego e também o cachorro de Clarice), diria: “a condição não se cura, mas o medo da condição é curável”. E aprendemos que se deve viver (e amar, e ser feliz!) apesar de. O apesar de gera a angústia. E é sempre bom não ter certeza de tudo. Mas a dúvida generalizada também é a porta do abismo, onde há o silêncio. O silêncio “é a profunda noite secreta do mundo”. Na noite, podemos encontrar fantasmas, mas podemos encontrar os maiores sonhos. Parece que, na noite, a liberdade enlarguece. Mas “ser grande dentro de si” pode doer. Portanto, agora é necessário aprender a ser livre pra fora; aprender, no além de ser, viver.
“Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres”. Quem escreverá um pra mim? Clarices não existem nem Ulisses nem...
♥♥♥
Ainda no propósito de postar os raros textos que gosto das Chatices Existenciais, publico o "Clarice e eu" aqui. Ele é de abril de 2006.
Eu havia prometido uma continuação pra ele. Talvez ela saia por agora.
Ganhei 14 margaridas!
Clarice é especial e seu cantinho também todo aconchegante, obrigada pela visita , venha sempre no meu quintal
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beijinhos
OI Graziele. Obrigada pelo comentário no meu blog... O seu é tão lindo! Uma flôr, eu diria...
Estamos programando um encontro dos blogueiros de Brasília para sexta... se estiver afim de ir, me manda um e-mail: camila.duarte@terra.com.br
ninguém se conhece pessoalmente, então não se sinta constrangida...
beijos daqui...
Seu blog tá LINDO! Parabéns!
Beijos!
Clarice é tudo de bom. É uma das escritoras que mais gosto de ler. Bjus.
http://so-pensando.blogspot.com
Ah minha querida, o que seria de nos, mulheres, sem os ditos de Clarice. Ah..O que seria de nos?
Bjos!
Clarice sempre me lembra a exposição dela que vi... cheia de gavetinhas, arrumadinhas, como a mente dela...
Beijo.
Clarisse que todos os dias tira a poeira da palavra "amor".
Moça obrigado pela visita, eu aproveitei e resolvi variar os temas do que estava escrevendo!!
Abraços.
o texto ficou tão legal... tão cheio de questionamentos em cada linha... cheio de teses tbm... geral, os maus escritores escrevem linhas e linhas para sustentar uma tese... aqui não, cada linha tem uma tese, um confrontamento...
Comentários do Chatices Existenciais que quero guardar (abril de 2006):
Karla disse:
Este merece um comentário à altura! Até pq, de certa forma, te influenciei ao falar de Sarte (meu padrinho... rs rs rs) Acho que vc deve parar de subestimar seu blog e seu trabalho! Vc escreve muito bem, meeeeeesmo! Pode acreditar! Sem contar que me dá algumas idéias para que eu posso de verdade passar a escrever no meu blog, né? (rs rs rs) Lembrei-me (de imediato) de duas coisas ao ler seu texto: "Eu, Penélope, também ousei." E da música: "A seta e o alvo" de Paulinho Moska. Conhece? Se não, vale a pena ouvir e se deliciar. É meu hino! Grande abraço, Karla Danielle.
Thaís disse:
Olá, Grazie! Vc e seus sempre textos inspiradores! Qualquer tempo estarei eu no lançamento de um livro seu! =) Adorei a nova cara do seu blog! É aquele esqueminha que vc me perguntou um dias desses no messenger e não soube te ajudar? Também fiquei curiosíssima em saber como fazer... hehehehe... Ah! aproveitando, obrigada pela sugestão do blog do seu amigo viciado em cinema (ele é realmente viciado em cinema! Lendo uns textos dele sobre alguns filmes me senti um nada... hehehehe) Até a próxima. Bjão.
Riri disse:
Quem além de você mesma poderá escrever? Clarice? Não ela escreveu para ela e, assim, universalizou-se, particularizando-se.
Renato Alt disse:
O que dizer? "Parabéns" soa pouco. Mas falar mais que isso, lhe tira a força. Então, parabéns. Mesmo. Beijos.
Adri disse:
Muito bom Grazi, como já lhe disse antes, vc é muito boa em escrever, quem sabe no futuro possa vir a escrever livros de crônicas, ou algo técnico na sua área psico.... E vc está cada vez melhor, o texto ficou fantástico!!! Bjimmmm Adri
Talvez a nossa maior prisão seja, de fato, a certeza de que temos liberdade. E se temos liberdade podemos escolher, e escolher às vezes dói, como dói ser vontade acima da condição de ser. É o complexo universo do existir.
Estou por aqui conhecendo seu espaço e, por hora, sua intertextualização com Clarice, nesse texto problematizador, me pegou em cheio.
Um abraço
Menina, eu meio com sono, demorou pra cair a fica do seu texto rsrsrs
Beijos
é sempre muito bom ler seus textos.
mesmo de outros tempos.
Descobrir-se. Não há nada mais paradoxal que isso. Prazer e dor, aparentemente conflitantes, se imbricam constantemente no simples (?) ato de estarmos neste mundo.
Quantos anseios, quantas interrogações, quantas sensações de "e agora?". Nossas dúvidas e questionamentos são infinitos. Viver não é. Acho que preciso racionalizar menos e viver mais (hehehe!).
Não foi Clarice quem disse que "viver ultrapassa todo entendimento"?
Grande beijo.
Thaís
ei. ai. que profundo. me senti rasinho, rasinho :) bjo
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