Na escrivaninha, juntava poeira um livro de auto-ajuda, que ganhara da melhor amiga – era algo do tipo “homens gostam de mulheres assim ou assado”. A amiga não agüentava mais vê-la só dentro de casa; mal tinha disposição para ir trabalhar; já não cuidava mais do cabelo como antigamente, preocupada que era com suas mechas, hidratações e chapinhas.
Se pudesse, não sairia da cama: ali, podia sonhar - abraçada ao travesseiro que ainda guardava seu cheiro – que ele voltaria. Entorpecida pela saudade, flagrava-se mordendo os lábios, por desejar sentir seu gosto de cigarro mais uma vez.
Não entendia por que as mensagens no celular, que foram tão pontuais, pararam de chegar; os emails com as palavras cupidamente precisas já deveriam ser destinados a outra – de fato eram, pois ele contava-lhe com prazer sobre suas (des)(a)venturas amorosas. Raramente, ele ainda mandava alguma notícia como “pensei em você hoje” ou “senti saudade” – era uma bela mijada de cachorro marcando um território que ele mal sabia para que e se o queria. Acontecia sempre que ela se distanciava um pouco e parava de mandar recadinhos para ele.
Ela, coitada, uma anta emocional, com a auto-estima estirada no asfalto - é impressionante como uma máquina compressora esmaga a auto-estima de algumas (ou quase todas) mulheres no fim de um relacionamento! – sentia que eles finalmente ficariam juntos de novo. Se ele ainda pensava nela, era porque estava certa, claro: ele a amava, mas estava confuso demais para saber (conhece aquele tipo de mulher que é possuída pela soberba de achar que ele vai mudar por ela? Já que ela tinha tudo o que ele queria para si – palavras dele, óbvio – certamente que ela o consertaria!). E era como se o futuro estivesse a um centímetro de dilatação para nascer.
Uma, duas, quatro semanas... dois meses se passavam e, quando ela pensava que o futurinho havia se asfixiado com o cordão umbilical, mais um email chegava: “ouvi a nossa música hoje”. Ela, tonta que era, não conseguia enxergar a verdade e esta era somente uma: o canalha é aquele que se especializou em se aproveitar da vulnerabilidade emocional das mulheres. E ele, mesmo que ela (não) tivesse decidido acreditar chorando que ele a amava embaraçadamente, era PhD em canalhice.
Não sei ainda qual será o final dessa história. Bem que eu queria ter tino para a comédia, pra gente se divertir um pouco e quem sabe até fazê-la rir da sua situação. Também não estou para tragédias, ao ponto de dar-lhe uma caixa de comprimidos tarja preta e induzi-la a tomá-los. Apenas torçamos para que ela tome jeito antes que o momento passe. A vida definha para quem não sabe que o desamor é fundamental para continuar e que este começa com um expressivo não para o outro, que é o verdadeiro sim para si mesmo. Agora eu entendo o porquê de Clarice ter dito que “tudo no mundo começou com um sim”... o sim que também é o não.
Se pudesse, não sairia da cama: ali, podia sonhar - abraçada ao travesseiro que ainda guardava seu cheiro – que ele voltaria. Entorpecida pela saudade, flagrava-se mordendo os lábios, por desejar sentir seu gosto de cigarro mais uma vez.
Não entendia por que as mensagens no celular, que foram tão pontuais, pararam de chegar; os emails com as palavras cupidamente precisas já deveriam ser destinados a outra – de fato eram, pois ele contava-lhe com prazer sobre suas (des)(a)venturas amorosas. Raramente, ele ainda mandava alguma notícia como “pensei em você hoje” ou “senti saudade” – era uma bela mijada de cachorro marcando um território que ele mal sabia para que e se o queria. Acontecia sempre que ela se distanciava um pouco e parava de mandar recadinhos para ele.
Ela, coitada, uma anta emocional, com a auto-estima estirada no asfalto - é impressionante como uma máquina compressora esmaga a auto-estima de algumas (ou quase todas) mulheres no fim de um relacionamento! – sentia que eles finalmente ficariam juntos de novo. Se ele ainda pensava nela, era porque estava certa, claro: ele a amava, mas estava confuso demais para saber (conhece aquele tipo de mulher que é possuída pela soberba de achar que ele vai mudar por ela? Já que ela tinha tudo o que ele queria para si – palavras dele, óbvio – certamente que ela o consertaria!). E era como se o futuro estivesse a um centímetro de dilatação para nascer.
Uma, duas, quatro semanas... dois meses se passavam e, quando ela pensava que o futurinho havia se asfixiado com o cordão umbilical, mais um email chegava: “ouvi a nossa música hoje”. Ela, tonta que era, não conseguia enxergar a verdade e esta era somente uma: o canalha é aquele que se especializou em se aproveitar da vulnerabilidade emocional das mulheres. E ele, mesmo que ela (não) tivesse decidido acreditar chorando que ele a amava embaraçadamente, era PhD em canalhice.
Não sei ainda qual será o final dessa história. Bem que eu queria ter tino para a comédia, pra gente se divertir um pouco e quem sabe até fazê-la rir da sua situação. Também não estou para tragédias, ao ponto de dar-lhe uma caixa de comprimidos tarja preta e induzi-la a tomá-los. Apenas torçamos para que ela tome jeito antes que o momento passe. A vida definha para quem não sabe que o desamor é fundamental para continuar e que este começa com um expressivo não para o outro, que é o verdadeiro sim para si mesmo. Agora eu entendo o porquê de Clarice ter dito que “tudo no mundo começou com um sim”... o sim que também é o não.
(Depois eu volto ao livro de auto-ajuda do início da história, mas posso adiantar que as aranhas aproveitaram-no muito melhor que ela, fazendo suas teias nele)
Ganhei 25 margaridas!
acabei de conhecer o blog, a partir da visita q vc fez ao meu.
adorei. ta aí o que achei.
té a proxima.
Estou começando a suspeitar de um complô virtual contra os homens...
kkkkkkkkkk.
PS: Obrigado pelo elogio das fotos.
Já tá listada no blog. =D
finais sempre são complicados e por vezes desastrosos... mas como diz o teu texto, é uma chance de começar ou recomeçar ou continuar... depende do ponto de vista...
*não conheço a música e fiquei interessado em conhecê-la =P
Jow, você de vez em quando aparecia no meu outro blog, o Chatices existencias...
Thito, eu não consigo viver sem os homens, mas vocês são bem complicados muitas vezes... rsss
Júnior, a música chama-se Seduzir e é do Djavan. Ela é tão bonitinha!
Obrigada a todos pelo comentário!
Ola ...
adorei seu blog...e mais ainda teus textos....
Grata pela visita...volte sempre...
Bjos!!
vc escreve muito bem! parabéns! essa história é clássica, nunca sai de moda!
bjs
mulher é burra, no fim é isso...
Por favor me inclui no time... pq ... ah deixa pra lá, pq sim.
beijo
Grazie!
Sou fã dos seus textos. Você sabe disso.
"anta emocional"? Adorei!!
O final do texto diz tudo. Dizer sim a si mesmo é vital, mesmo que dizer "não" ao outro seja doloroso. Eita vidinha de contradições!
Bjão,
Tatá
o pior é que nós vemos essa história acontecendo todos os dias, isso quando não com nós mesmos... rs
pelo menos esse sofrimento não é em vão - a dor amadurece.
Seus textos continuam ótimos. Mas vou fazer coro com o Thito - vc tá pegando no pé da machaiada.hehehe
Acho que tanto homens como mulheres podem ser vítimas das relações. Vcs são mais autênticas em relação aos próprios sentimentos, entretanto quando assumem a função de carrascos aí a coisa fica sinistra. É maldade pra fazer qualquer nazista corar de vergonha. Exagero hehehehe
Beijão procê!
Esse texto é seu???
Se for.. invejo (de forma saudável ;) ) a sua forma de escrever..
Só para constar, reprovo esse tipo de comportamento, de alimentar falsos sentimentos nas pessoas, faço questão de dizer o que realmente quero de uma relação o quanto antes possível.
Obrigado pela visita e volte sempre, vou tentar manter o blog atualizado..
Um beijo.
Por essas e outras, cultivo uma incompreendida postura de sinceridade diante de mim mesmo a respeito do que sinto, inevitavelmente clara à quem está comigo. Resultado: tão intensa quanto se torna a relação, torna-se a dor quando do seu término. E vêm o silêncio do celular, das mensagens que não chegam...
Parabéns, menina.
Beijos.
Nao lembro de ter entrado no seu blog antes, mas gostei muito dele.
Apesar de ter algumas coisas que nao concordo sobre homens a maioria concordo com vc, mas nunca pode se esquecer que existe do outro lado voces ne rs
Que triste, só quem já passou por esse tipo de coisa sabe o quanto é duro. Mas é sim necessário dar um basta na situação e pensar que um pé na bunda empurra pra frente!
Beijos, e obrigada pela visita.
Agradeço a todos pelo comentário, mas preciso deixar bem claro que esse texto é só FICÇÃO, não refletindo o que eu penso sobre TODOS os homens, apenas é o comportamento que observo em alguns deles.
Além do que, no exato momento, isto não está acontecendo comigo... não se preocupem! rssss
Claro que fatos reais nos inspiram a escrever...
Qualquer dia desses eu escrevo uma história com final feliz!
Adorei os comentários!
Beijos a todos!
Ótimo texto! Você é detalhista, gosto de ler textos assim. Obrigado pela visita ao meu blog, fique a vontade para voltar lá sempre que quiser. Bjus.
http://so-pensando.blogspot.com
P.s.: Posso te add
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Bjo.
ta nos meus favoritos...
la no sedex
Tinha uma vírgula bizarra no meu texto... ficou aqui por quase uma semana... devassa!
Sim, senhorita Graziele, vc escreve muito bem.
Talento é de família, lógico.
Beijos
ai minina vc escreve tão bem!!
adorei os textos!!!
Grazi, o enredo eu acho que já conheço, mas posto, ou melhor, disposto dessa maneira, ficou mais forte e terapêutico, não é mesmo? O texto está lúcido e belo, e quanto ao subtexto? ao latente? Um beijo, Toty.
você pode até não ter tino para comédia, mas adorei o "phd em canalhice" ehehehhe
e o texto todo, aliás, está bacana.
Minha terapeuta, mulher que admiro e respeito por muitos motivos, inclusive por ser inteligente, visitou meu blog e, depois de ler este texto, me mandou um email assim, em 12 de junho:
"Como vc escreve bem. Estou encantada! Com estilo e profundidade. Parabéns. Continue. Além de tudo, escrever é muito terapêutico".
Este é um comentário que eu precisava guardar...
:)
Olá,acabei de conhecer o blog.
Gostei muito,vou voltar mais vezes.Essa sua historia pode ser ficção,mas para mim é bem real.:(
Há uma frase que diz que:"A maior covardia do ser humano é despertar o sentimento de outro sem ter a intenção de amá-lo".Em geral a gente gosta,de quem não gosta da gente.Se tivesse sabido que era um sonho, nunca teria acordado!Parece-me fácil viver sem ódio, coisa que nunca senti, mas viver sem amor acho impossível.Amar é uma mistura de alegria e medo; de paz por um lado e ameaça de guerra pelo outro. É pensar que a felicidade tem nome e endereço. É temer não estar à altura. É sofrer tanto quanto querer.A tarefa mais difícil é aprender a esquecer quem aprendemos a gostar. Eu sei bem o que é essa dor! Em matéria de amor,as vezes o silêncio vale mais do que a fala.
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